Tuesday 17 February 2009

Diccionario geographico, historico, politico e litterario do reino de Portugal e seus dominios ... By Paulo Perestrello da Câmara



Mas o que verdadeiramente dá a Cintra encantos que se não encontrão em lugar nenhum do mundo, é a perpetua frescura de suas alamedas e bosques, e o suave bafejo de uma atmosphera tão deliciosamente temperada, mesmo nos dias de maior calma. Por isso se tem tornado este lusitano Edem, como lhe chama lord Byron, o Brighton das pessoas abastadas ou de gosto da capital, que, attrahidas pelos seus numerosos encantos naturaes e pela corte, tem ahi edificado palacios e quintas mesmo entre os rochedos, com o maximo aproveitamento possivel do terreno e das perspectivas. Citaremos como principaes as seguintes: a de Penha Verde, fabricada pelo grande vice-rei da India D. João de Castro, e por elle deixada a seus descendentes com a condição de a cultivarem somente para recreio; possue ainda algumas antiguidades indianas. Vem depois a mui formosa e apalaçada de Sitiaes , pertencente á casa de Louriçal, onde em 1808 se assignou a celebre convenção, dita de Cintra, para a evacuação dos Francezes de todo o reino: é o predilecto passeio da tarde; della se goza uma perspectiva grandiosa e encantadora. A fundação do palacio e quinta é de moderna data, e executada no reinado de D. José por um negociante hollandez chamado Devisme, o qual também edificou o palacete de Bemfica, hoje pertencente á infanta D. Isabel Maria. A quinta da Regaleira, de amenissima frcsquidão e abundantes aguas; Monserrate, hoje arruinada; as dos marquezes de Pombal e do Fayal, conde de Redondo, e duques de Cadaval e de Lafões, a de A. Maximo dos Reis, &c.

Lisboa, 1850

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