Ruinas de Monserrate em Cintra.
Nãо foi a mäo do tempo que transformou um palacio de elegante architectura em magestosas ruinas ; foi o capricho do constructor que não nos quiz deixar as salas que recebião os seus contemporáneos. Mas que importal ! Se poude calcular o desábamento dos pavimentos, nao poude evitar que nos ficasse uma soberba montanha orlada d'arvoredo e um dos mais amenos passeios.
Se quereis gozar um bello quadro, vinde vêr o despontar da manhã de cima d'este monte, saudado pelos alegres cantos dos passarinhós ! ... Se esta hora vos incommoda, vinde vêr o mergulhar do sol no oceano que vos fica em frente, e admirareis a sublimidade dessa bora de crepúsculo que nos convida a doces recordações ! ... Vinde vêr o declinar da tarde do cimo de Monserrate, e talvez de nada mais vos fique saudade ! ... Raros são os estrangeiros que desembarquem em Lisboa, e que logo se não diríjão a Cintra : as ruinas de Monserrate sao o que na alma lhes deixa mais poetica impressão.
Antonio da Cunha
Cintra
Practicamente uma citação do livro de Juromenha Cintra Pinturesca
Almanach de lembranças Luso-Brasileiro para o anno de 1859,
Janeiro --27, p. 106
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